Wednesday, August 27, 2008

É o Que Me Interessa - Lenine

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Por trás do seu sossego, atraso o meu relógio
Acalmo a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa

Monday, March 31, 2008


Tolerância zero...

O que fazer às pessoas que te irritam absolutamente?! Dá-lhes Catulo...

pedicabo ego uos et irrumabo
Aureli pathice et cinaede Furi
qui me ex uersiculis meis putastis
quod sunt molliculi parum pudicum
nam castum esse decet pium poetam
ipsum uersiculos nihil necesse est
qui tum denique habent salem ac leporem
si sunt molliculi ac parum pudici
et quod pruriat incitare possunt
non dico pueris sed his pilosis
qui duros nequeunt mouere lumbos
uos quod milia multa basiorum
legistis male me marem putatis
pedicabo ego uos et irrumabo

(Carmen XVI)

Saturday, March 29, 2008

"A melhor maneira de fugir é ficar parado. Lição que o burriqueiro Zero Madzero aprendera com a imbabala, a gazela dos matos densos. É a fuga da presa que engrandece o caçador. O ficar imóvel é o mais astuto modo de enfrentar o predador: deixar de ter dimensão, converter-se em areia no deserto. Desaparecer para fazer o outro se extinguir.
A melhor maneira de mentir é ficar calado. Lição que o burriqueiro não aprendera com ninguém. O silêncio não é ausência da fala, é o dizer-se tudo sem nenhuma palavra. "

Mia Couto, O outro pé da sereia

Wednesday, February 27, 2008

Deuses, inspirai a minha empreitada, pois vós também a transformastes...

Sunday, February 24, 2008

Ultimamente estou num dos Petits poèmes... Se a idéia de dialogar com alguém de tão longe, de tanto tempo depois tivesse, por ventura, ocorrido a Baudelaire... fatalmente o orgulho o teria dissuadido do imenso prosaísmo!

"Un port est un séjour charmant pour une âme fatiguée des luttes de la vie. L'ampleur du ciel, l'architecture mobile des nuages, les colorations changeantes de la mer, le scintillement des phares, sont un prisme merveilleusement propre à amuser les yeux sans jamais les lasser. Les formes élancées des navires, au gréement compliqué, auxquels la houle imprime des oscillations harmonieuses, servent à entretenir dans l'âme le goût du rythme et de la beauté. Et puis, surtout, il y a une sorte de plaisir mystérieux et aristocratique pour celui qui n'a plus ni curiosité ni ambition, à contempler, couché dans le belvédère ou accoudé sur le môle, tous ces mouvements de ceux qui partent et de ceux qui reviennent, de ceux qui ont encore la force de vouloir..."

("Le Port"- Petits poèmes en prose, Charles Baudelaire, 1862)
Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone

Paul Verlaine, "Chanson d'automne"